quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sangue no "cafofo do Osama"





De minha última postagem no blog até hoje (há longas seis semanas) vários assuntos escaparam de minhas mãos por absoluta falta de tempo - o trabalho que exige cada vez mais - até que surgiram ideias para dois posts simultâneos para o início dessa semana: o badaladíssimo casamento real britânico, e seus diversos significados políticos e culturais, e a reta final dos campeonatos estaduais pelo Brasil, com destaque para o final antecipado do "Cariocão". Mas, na velocidade de um trem bala, ambos os temas foram atropelados quando na manhã desta segunda-feira (2/5) tomei conhecimento da morte daquele que era o inimigo número um do "mundo livre", e uma das figuras mais conhecidas, satirizadas e odiadas do planeta nos últimos anos.
De acordo com o noticiário e o Governo dos EUA, o eminente terrorista encontrava-se não em uma caverna imunda e apertada nas colinas escaldantes do Afeganistão, mas sim em uma mansão-fortaleza localizada na cidade de Abbottabad, a poucos quilômetros de Islamabad, a capital do Paquistão. O líder da Al-Qaeda (“A base”, em árabe) tinha como vizinha a academia militar paquistanesa, e mesmo assim vivia sem ser incomodado, provavelmente há alguns anos (a mansão foi construída em 2005, especula-se que já para abrigar o ex-milionário saudita).
A versão oficial da operação conta que depois de quatro anos de investigação a inteligência norte-americana apontou seus radares para Abbottabad, e há meses se desconfiava da presença do terrorista na tal mansão, confirmada há dias apenas. O presidente Obama deu o sinal verde para a operação na última sexta (29), e no domingo, 1º de maio, os U.S. Navy Seals (uma força especial de elite da Marinha dos EUA) atacaram a residência do líder terrorista. Após 40 minutos de combate, sem nenhuma baixa do lado norte-americano, o alvo foi encontrado e sumariamente abatido com dois tiros na cabeça, mesmo desarmado. Imediatamente, o corpo do criminoso foi transportado para um navio da Marinha norte-americana, em local não divulgado, e após ter recebido os rituais fúnebres tradicionais do Islã, foi lançado ao mar amarrado a pesos.

E esse é o fim de Osama Bin Laden.





Será mesmo?
Já prestaram atenção no que as pessoas nas ruas (em comentários repletos de “senso comum”, é verdade) estão dizendo sobre o assunto? No principal detalhe que tem sido lembrado nas conversas de trabalho, em casa ou no bar?
Notaram como a mídia, nacional e internacional, e conhecidos analistas políticos tem mantido um discurso uníssono em relação a esse detalhe?
Um detalhe que, no âmbito jurídico, é fundamental para se confirmar um óbito, um homicídio, enfim, um crime de morte?

O corpo.

Quero sinceramente compartilhar com meus quatro ou cinco leitores (entre os quais eu mesmo) a minha total desconfiança na tão celebrada morte de Bin Laden, doravante tratada aqui como a “suposta morte de Bin Laden”. Enumero algumas razões do meu ceticismo conspiratório:

1) Não existe morto sem corpo, cadáver. Esse é um dos argumentos mais fortes usados pela defesa do ex-goleiro Bruno para tentar inocentá-lo no inquérito sobre o desaparecimento e “suposta” morte de Eliza Samúdio. E, de fato, por mais que haja outras evidências que incriminam Bruno, não se pode constatar o óbito de sua antiga amante. No caso de Bin Laden, o governo norte-americano apressou-se em fornecer as respostas: havia a preocupação em evitar um contra-golpe da Al-Qaeda para libertar Osama (vivo ou morto) ou peregrinações ao túmulo do terrorista, caso este fosse sepultado em terra. Daí o “sepultamento no mar”. A captura de Osama vivo, ao que parece, era uma opção já descartada pelo Governo norte-americano, já que nenhum Governo em sã consciência (nem o de Obama) aceitaria ter em sua guarda o ícone do terrorismo fundamentalista. Quando se fala em fotos, o argumento é de que deve haver cautela na divulgação, pois as mesmas são “horríveis”, segundo porta-voz da Casa Branca, o que poderia gerar enormes tensões e revoltas entre os “simpatizantes” de Bin Laden. No programa “60 minutes”, da rede CBS, o presidente Obama afirmou categoricamente que não vai divulgar as fotos, para evitar explosões de ódio contra os EUA no mundo muçulmano. A própria CBS revelou que na foto apresentada pelo governo à emissora, Bin Laden aparece com uma abertura à bala na testa, com derramamento de massa encefálica.  Para compensar, houve um exame de DNA “relâmpago” que confirma, em 100%, a identidade de Osama.
Abaixo, dois famosos mortos latino-americanos que tiveram suas “fotos cadavéricas” prontamente divulgadas pela imprensa.

Antônio Conselheiro, 1897       




 Ernesto Guevara, 1968                                                                                                                                                                                                                     














2) O momento espetacularmente oportuno em que a suposta eliminação de Bin Laden ocorre, para o Governo Obama. O seu mandato estava sendo marcado, até o momento, por promessas de campanha não cumpridas, uma reforma meia-bomba no setor da saúde pública ameaçada pela oposição, e os efeitos ainda não sanados da crise bombástica de 2008/2009. A suposta morte de Bin Laden pode garantir a reeleição de Obama, no ano que vem. Por isso mesmo cheira a factoide...

3) As hipóteses – veiculadas até mesmo por canais de mídia dos EUA, anos atrás – de que Bin Laden já estaria morto, talvez desde a invasão norte-americana no Afeganistão, em 2001. Desde então, os “pronunciamentos” de Bin Laden apareciam na mídia esporadicamente, com tradução duvidosa (como certa vez vi uma autoridade islâmica brasileira afirmar na imprensa), como o de 2004, em que Osama assumia a autoria dos atentados de 11 de setembro (vídeo divulgado às vésperas das eleições norte-americanas, e que ajudou na vitória tranquila de George W. Bush).

4) A mídia, nativa e internacional, aceitou prontamente as versões apresentadas pelo Governo norte-americano. Em se tratando de discurso único da imprensa, prefiro manter “um pé atrás”.
Enfim, pode-se acusar todos estes meus apontamentos como “teorias da conspiração” ou “do senso comum”, e talvez sejam, mas são o que refletem o meu pensamento por ora. Independente da veracidade do assassinato de Bin Laden, não posso deixar de observar duas coisas: o episódio em si reforça o pensamento maniqueísta norte-americano em relação não só a luta contra o Terror, mas à dicotomia Ocidente X Oriente, reforçando o que o escritor Samuel Huntington classificou como o “choque de civilizações”; e as efusivas comemorações populares em Washington e Nova York, além de um tanto macabras, mostram o orgulho de uma nação que tem alma de cowboy, que faz justiça com as próprias mãos nesse grande “velho-oeste” chamado Terra.







Por fim, fica a constatação de que o “cafofo do Osama” da ficção era um lugar muito mais seguro e divertido! Se ELE assistisse a Globo Internacional perceberia isso rapidinho...

Um comentário: